Uma Caminhada no Praião
Entre o Canal de Mira* e as Terras Cultivas das Gafanhas do Carmo e Encarnação, encontra-se um percurso único e exclusivo para os amantes da natureza, do Sol e da boa vida.
Por entre a natureza e os costumes das gentes, este trilho ribeirinho permite, do mais novo ao mais velho, desfrutar de uma paisagem centenária, moldada desde a fixação dos primeiros povos da Gafanha, mas isso é outro tema e fica para uma outra hora.
Continuando...
Este caminho de que vos falo permitiu, em tempos, o acesso aos extremos dos terrenos dos gafanhões, para que deles pudessem lavrar aquilo que lhes houvesse.
A esta via é dada o nome de "Caminho do Praião"!! :p (para ser sincero desconheço a razão de tal nome, mas quando o souber digo-vos!! ;) )
A Caminhada
Após preparar previamente a mochila com água e alguns snacks (a máquina fotográfica também é aconselhada), calçar umas sapatilhas e armar a minha fiel companheira, pusemo-nos à estrada e chegámos ao nosso destino, que ao longo de 5,5 quilómetros nos oferece paisagens dignas de um flash.
Começando no extremo norte do Caminho, que é simultaneamente o extremo norte da Gafanha da Encarnação (GE), a nossa caminhada tem ínicio.
Durante todo o percurso, observámos o Canal de Mira e a frente ria da Costa Nova na margem poente do Canal, os vários apanhadores de cricos** e as muitas terras de cultivo. Falta ainda referir as estremagueiras - árvores de contorno irregular (ou seja: árvores todas tortas) que ladeiam a margem da Ria e são usadas ainda hoje para delimitar os terrenos e os muitos botes e barcas que oscilam com as marés.
Logo no ínicio, à nossa esquerda encontramos a antiga Seca de Bacalhau, ainda com os secadores intocáveis. Mas invés do bacalhau escalado ao Sol, agora o campo é dominado pelas ervas que, aos poucos, o ocupam.
Ao olhar para trás, observa-se a Ponte da Barra, que, sobre a ria, liga as Gafanhas às Praias do Concelho. Com alguma sorte conseguimos apanhar uma gaivota no exato momento do click!
Ao aproximarmos cada vez mais da nossa primeira paragem, vamos sentido o cheiro a maresia e avistando, por entre o lodo e o moliço, os apanhadores de cricos que apanham aquele que torna a GE a sua capital!
Rapidamente chegámos ao "centro nevrálgico" da Gafanha da Encarnação! Coloco-o entre aspas porque não é assim tão nevrálgico. Mas pela sua importância turística e económica para a terra, é um dos principais pontos de rumagem quando o o calor aperta.
Situado junto à Ria, o Largo da Bruxa alberga oex-libris da GE: falo-vos do café "A Bruxa" conhecida pelo seu champariã*** e pela sua empalhada****! Aproveitámos o momento e relaxámos por alguns minutos. (aqui está a possivel razão do nome tão peculiar).
Saímos da Bruxa e contemplámos a Ria, pelo Cais dos Pescadores (antigo ancoradouro das barcas) ali junto. As águas calmas, as gaivotas a sobrevoar os céus azuis.... os patos a nadar!!!
Se a hora já for tardia, e os sinos da Igreja Matriz da Vila derem as 12 badaladas do meio-dia, podes descansar um pouco mais e almoçar na "Marina" (Clube de Vela da Gafanha da Encarnação), mesmo ali ao lado.
Podes ainda percorrer um pouco mais o Caminho e logo chegas ao Restaurante "A Estufa", cujo edifício acolheu a Fábrica/Estufa de Chicória. Tens ainda a opção da Pizzaria "Praia-mar", uns metros mais para o lado!
E o Caminho continua (e continuou), sempre acompanhados pela Ria!
Há medida que avançávamos em direção à Gafanha do Carmo (GC), ouvia-se um murmúrio no ar que deleita os Observadores de Aves. Várias são as espécies de aves que aproveitam o ecossistema da Ria para viverem. Existe mesmo um Posto de Observação de Aves que nos permite espiar estes seres alados.
Entretanto já atravessámos toda a GE e entrámos na GC, na qual a paisagem contínua a ser um regalo para a vista.
Já perto do fim da nossa jornada, chegámos a uma pequena praia fluvial! Relvada, com mesas e bancos, um pequeno cais de madeira e duas pequenas escadas que permitem o acesso à pouca areia branca que ali se encontra! Como deves ter ideia, a Ria é um ecossistema lagunar e por isso, a maioria das suas praias são de lodo e não de areia branca e fina! Mas mesmo assim é sempre um prazer para refrescar os pés e para "marmitar".
Só mais um pequeno esforço e chegámos ao limite Sul do Conselho de Ílhavo e, consequentemente, ao fim do nosso Passeio.
A partir deste momento podemos continuar (entrando no Concelho de Vagos) ou simplesmente respirar, descansar e ganhar mais forças para visitar um pouco mais de Ílhavo!!!
*Canal de Mira - braço da Ria de Aveiro que começa em Ílhavo e termina no Concelho de Mira.
**Cricos - nome dado pelos locais ao berbigão.
***Champariã - bebida alcóolica feita com vinho branco e gasosa
****Empalhada - nome dado ao conjunto de tremoços com amendois (em igual porção) com algumas azeitonas
Informações
Conselhos
- Preparar uma mochila com água, snacks e máquina fotográfica.
- Levar um chapéu ou boné e colocar protector solar (existe pouca sombra ao longo de todo o Caminho).
- Calçar sapatilhas ou outro calçado confortável.
- Não incomodar os locais, nem perturbar o ecossistema.
Informações do Percurso
- Percurso: 5,5 km.
- Duração: 1h15 minutos (a pé)
- Vários locais com bancos e caixotes de lixo.
- Alguns locais com areia branca onde é possível fazer um pouco de praia.
- Baixo nível de dificuldade e sem desníveis especiais.
- Posto de observação de aves.
- O Caminho do Praião é também uma ciclovia, podendo-se fazer em bicicleta (pessoalmente acho que é muito mais fácil).
- Com parques de estacionamento (junto à Seca do Bacalhau, no próprio caminho do praião e no Largo da Bruxa)
Cafés e Restauração
- Café "A Bruxa", no Largo da Bruxa.
- Café/Restaurante "Marina", no Largo da Bruxa.
- Restaurante/Pizzaria "A Estufa", um pouco mais à frente, já no Caminho do Praião.
- Pizzaria "Praia-mar", a 10 minutos (800 metros) a pé do Largo da Bruxa.
A Fotografar:
- O Canal de Mira e as margens do mesmo.
- As barcas e botes.
- A antiga Seca do Bacalhau.
- O Cais dos Pescadores da Gafanha da Encarnação e Largo da Bruxa.
- A antiga Fábrica da Chicória.
- A avifauna e ictiofauna local.
- As praias fluviais.